O DESEMPREGO ATUAL E O BEM-ESTAR SOCIAL

ARTIGO PUBLICADO EM ZERO HORA EM 08/06/2016

 

O desemprego destrói sonhos.

Nas colunas que escrevo neste espaço procuro analisar as questões que definem a economia brasileira com uma linha de racionalidade e didática, mostrando o porquê de termos chegado a um ponto tão crítico. Hoje vou me permitir um tom de maior indignação com o resultado do que foi feito, me colocando mais como cidadão e menos como técnico.

Uma das funções da economia é a preocupação com a distribuição e funcionamento dos fatores de produção, de maneira a se buscar o maior bem-estar social. Correntes ideológicas diversas divergem quanto a forma de se chegar aos melhores resultados.

Há no Brasil uma discussão estéril entre esquerda e direita, onde a primeira se apresenta com o monopólio das preocupações sociais e defensora de um Estado pesado e ao mesmo tempo demoniza a segunda por defender o capital e o livre mercado. 

Recentemente este jornal publicou interessante matéria sobre brasileiros desistindo do país e se mudando para a Flórida. Um dos entrevistados apresentou um curioso conceito de socialismo, quando afirmou que os Estados Unidos eram o país mais socialista do mundo, ao comentar que lá 10% são muito ricos, outro tanto muito pobres, mas que os 80% restante tinham acesso a emprego, saúde, transporte, educação, etc., ou seja, todos com possibilidade de alcançar o bem-estar social. Mesmo que a afirmação possa carecer de algum caráter científico, o conceito é perfeito.

A política equivocada de busca deste bem-estar, via inchaço do Estado brasileiro, fracassou. Hoje, por trás do “escudo dos avanços sociais” nos deparamos com mais de onze milhões de pessoas desempregadas, devendo piorar. Não há avanços sociais desta forma, pois vamos jogar desempregados no Bolsa Família.

Se ao invés da queda do PIB entre 2014 e 2016, próxima de 8%, tivéssemos crescido este número, nossa economia no final do ano deveria ser em torno de 16% maior e teria havido a continuidade do processo de geração de empregos e poderíamos estar próximos do pleno emprego.

Necessitamos reconstruir o sonho de milhões de pessoas e jovens que se incorporam ao mercado de trabalho, afetadas pelos resultados da desastrada política econômica que se encerra e que comprometeu uma geração inteira que aguardará anos pela retomada destes empregos perdidos.[1]

[1] Afora a atualização de alguns números constantes nesse artigo, nada mudou.