ENTENDENDO OS BANCOS
ARTIGO PUBLICADO EM ZERO HORA EM 17/06/2020
Antes de mais nada, ressalto que esse arquivo não pretende defender os bancos.
Agora, vamos aos fatos.
Os bancos em geral são como qualquer empresa, possuem sócios, clientes e visam ao lucro.
A principal função de um banco é ser um depositário fiel e seguro para quem nele confia. Eles precisam ser sólidos para garantir a segurança de seus clientes. A segurança de cada banco resulta da qualidade dos riscos de suas alocações. Podem mesmo quebrar se aplicarem mal.
Parte significativa do dinheiro dos clientes vai para o crédito. A eficiente interação entre depósitos e crédito é fundamental para o funcionamento de qualquer sistema econômico. De nada adianta o sistema financeiro estar com a tesouraria cheia e esses recursos não fluírem para o crédito. É o momento atual do Brasil.
Mas porque os recursos não fluem ao crédito, tão necessários em um momento econômico debilitado pela pandemia do Covid-19?
Como referi no início do artigo, a segurança dos depositantes depende da correta aplicação desses recursos. Para a concessão de crédito, a primeira coisa que se olha é o risco do cliente e a condição de ele efetivamente pagar. Depois vem o resto. Em períodos recessivos, fruto do desemprego e da queda das empresas, o risco do crédito aumenta. Os balanços apresentados pelos principais bancos brasileiros referentes ao primeiro trimestre de 2020 já apresentaram perdas com crédito, e vai piorar.
Como uma estratégia defensiva, é aplicada uma forte contração bancária que, ao proteger sócios e depositantes de perdas, acaba por impor uma forte seletividade no crédito como principal medida.
A retração dos bancos também protege seus administradores, pois a partir de suas perdas podem ser penalizados não só por seus acionistas, mas também pelos instrumentos legais que regulam seu funcionamento. Entre outros, os bancos são fiscalizados pelo Banco Central e CVM e, no caso dos bancos públicos, ainda pelos Tribunais de Contas. Qualquer procedimento questionável pode gerar processos e condenações individuais. Se você for acionista de um banco e entender que uma precificação de crédito está abaixo das praticadas pelo mercado e isso impactar no lucro, basta abrir processo na CVM que instaurará a averiguação.
Moral da história, por sua estrutura e funcionalidade e em condições normais, os bancos, públicos ou privados, dificilmente atenderão as demandas atuais da sociedade, pelo elevado risco econômico e as consequências em seus balanços.