DÍVIDAS ESTÉREIS
ARTIGO PUBLICADO EM ZERO HORA EM 23/12/2015
O crédito está na base da evolução da sociedade que conhecemos e é, sem dúvidas, um dos instrumentos básicos que permitiu que chegássemos aos níveis atuais de desenvolvimento.
Como toda boa invenção da humanidade, teve suas finalidades iniciais desviadas. Um exemplo pode ser o avião que foi concebido para transportar e melhorar a vida das pessoas mas depois passou a transportar e jogar bombas.
Nas economias modernas, o crédito é fundamental para o funcionamento do aparato produtivo fazendo fluir a poupança e financiando investimentos e o consumo.
Ele permite que empresas invistam, aumentem sua capacidade produtiva e comercial, mas é básico que se endividem em volumes e custos compatíveis com o retorno de suas atividades.
O equilíbrio econômico e financeiro depende de dois fatores básicos, o volume das dívidas e seu custo. O peso da dívida dependerá principalmente da conjugação destes dois fatores.
No Brasil, histórico campeão dos juros altos e da política monetária que os utiliza como instrumento para a redução da inflação, usar o crédito se tornou perigoso. Na crise atual as elevadas taxas de juros nominais e reais penalizam todo aquele que carrega qualquer volume de dívida. Nas dívidas contraídas, os juros, além dos prazos, é que definirão o maior ou menor comprometimento das empresas. Se o governo federal eleva as taxas e induz o mercado a fazê-lo e ao mesmo tempo joga o país em uma recessão profunda e prolongada, os endividados pagam duplamente por isso.
Em um período recessivo empresas vendem menos, reduzem margens de lucro e geram menos caixa, perdendo capacidade de pagamento. Carregar dívidas se torna mais pesado quando os juros sobem.[1]
Em todas as empresas devemos separar o que é uma dívida produtiva, que tem por finalidade financiar investimentos e sua operação. Existe um segundo tipo de dívida que é caracterizada como estéril, que é aquela que apenas rola gastos passados e em nada contribui positivamente para sua viabilidade.
Na recessão atual, muito cuidado em 2016, os juros e o nível de faturamento das empresas mudam seus pontos de equilíbrio e obrigam a maior parte das empresas a reduzir seus tamanhos para tentar sobreviver e não aumentarem ainda mais suas dívidas estéreis.[2]