AS EXPORTAÇÕES E O CÂMBIO

PUBLICADO EM ZERO HORA EM 02/03/2016

 

As exportações são fontes de riquezas e divisas.

Nas últimas décadas nos acostumamos a ouvir sobre as potencialidades do Brasil como um importante player mundial na produção dos mais diversos tipos de bens, baseadas em nossos recursos naturais e mão de obra.

Os anos se passaram e não nos consolidamos como um país de base exportadora, detendo uma participação no comércio mundial inferior a 1%,[1] com a exportações representando próximo de 11,5% do PIB[2], sexto menor em um universo de 150 países considerados em estatística recente do Banco Mundial.

A participação continuou pouco relevante, mesmo após o forte boom das commodities agrícolas e metálicas que favoreceram a balança comercial brasileira nos últimos anos. Estes itens aproveitaram uma aceleração em sua demanda e preços, explicados fundamentalmente pela forte expansão que a economia chinesa causou nestes mercados.

Nos manufaturados, os casos de sucesso se sustentaram em períodos em que a moeda se encontrava desvalorizada, mas caindo quando esta se apreciava.

Embora o câmbio seja importante para definir a competitividade das exportações, ele não é o único, pois exportações não dependem somente deste, mas de um conjunto de fatores estruturais que dão solidez à competitividade, dos quais vamos destacar aqui três deles.

Primeiro, a estrutura tributária que onera todo o ciclo da cadeira produtiva e acumula custos ao longo da produção, impactando na competitividade, exportando-se impostos[3].

O segundo ponto é o custo total da mão de obra, representada pelo salário direto, pela carga de contribuições incidentes, mais a baixa produtividade e teremos aí um fator de produção determinante e que retira competitividade. Uma legislação arcaica e uma justiça do trabalho visivelmente pró-trabalhador[4], também pressionam seu custo.

Terceiro ponto é o custo logístico, fruto de uma infraestrutura deficiente e desinvestida, o que dificulta o escoamento da produção e o desenvolvimento e integração das regiões produtivas.

Fossem estes três fatores melhor equacionados, certamente o câmbio não seria entendido, de forma simplificada, como o principal culpado por nossa baixa inserção no comércio mundial, lembrando também de nossa política externa que nos coloca entre aqueles países com menor número de acordos comerciais relevantes[5].

 

Atualizando:
Nossa participação no comércio internacional permanece nesse mesmo patamar e pouco mudou desde os anos 1980. Perdemos participação na composição das exportações no que tange aos manufaturados, sendo que atualmente a participação do agronegócio, minérios e petróleo estão próximos de 60% da pauta.
Em 2923 o Brasil exportou R$ 339,7 bilhões ou 15,6% do PIB, com destaque para o agronegócio, responsável por 24% das exportações.
Mesmo com a reforma tributária aprovada em 2023, pouco disso se alterará.
Embora consideremos um avanço a reforma trabalhista aprovada em 2017 no governo Temer, porém permanece um Judiciário pró-trabalhador, bem como foi mantida a Justiça do Trabalho e os elevados encargos incidentes sobre a folha de pagamento.
Com relação aos acordos comerciais, nada mudou desde então.
[1] Nossa participação no comércio internacional permanece nesse mesmo patamar e pouco mudou desde os anos 1980. Perdemos participação na composição das exportações no que tange aos manufaturados, sendo que atualmente a participação do agronegócio, minérios e petróleo estão próximos de 60% da pauta.
[2] Em 2923 o Brasil exportou R$ 339,7 bilhões ou 15,6% do PIB, com destaque para o agronegócio, responsável por 24% das exportações.
[3] Mesmo com a reforma tributária aprovada em 2023, pouco disso se alterará.
[4] Embora consideremos um avanço a reforma trabalhista aprovada em 2017 no governo Temer, porém permanece um Judiciário pró-trabalhador, bem como foi mantida a Justiça do Trabalho e os elevados encargos incidentes sobre a folha de pagamento.
[5] Nada mudou desde então.