AS EMPRESAS E A RECESSÃO
ARTIGO PUBLICADO EM ZERO HORA EM 17/02/2016
O momento por que passa a economia nacional, de prolongada recessão e inflação elevada, está trazendo à atual geração de empresas e empresários a necessidade de enfrentar uma situação que a grande maioria não havia passado
A aparente recuperação da economia brasileira, a partir da crise mundial iniciada em 2008, com a introdução de um modelo baseado em consumo e estimulado por crédito longo e barato, expandiu as vendas do varejo e o comportamento consumista da população encorajou as empresas a investir, aumentando sua capacidade de produção e comercialização. Não capitalizados, acessaram o crédito, alavancando seu endividamento.
Dívidas são saudáveis se realizadas de forma adequada, fazem crescer com projetos corretos que levam em conta um conjunto de variáveis: vendas projetadas, margens atraentes, custos compatíveis e despesas financeiras que caibam no retorno das operações.
Em tese, a maior parte dos empreendimentos, respeitadas premissas econômicas e financeiras, tendem a ser equilibrados dependendo do comportamento das variáveis assumidas. O grave momento econômico atual desequilibrou aquele conjunto de variáveis considerado e prejudicou parte significativa dos empreendimentos que enfrentam problemas dos mais diversos.
O endividamento assumido pelas empresas, que há alguns anos acreditara que a economia definitivamente decolaria e investiram, gerou problemas de percurso e na maior parte dos casos, traduzida por acentuada e definitiva queda de vendas.
Operando abaixo de seus pontos de equilíbrio, os fluxos de caixa foram impactados e a capacidade de pagamento de todos foi diminuída, uma vez que os endividamentos assumidos se tornaram incompatíveis com o novo e reduzido nível de atividade.
Mais do que isso, gerando menos resultados e caixa, as empresas passaram a enfrentar a política monetária do Banco Central, que elevou os juros e que se combinou com a política macroeconômica de alto risco que conjugadas dificultaram a administração do endividamento empresarial, combinando-se dívidas mais caras com menos caixa. O resultado final acaba sendo desastroso.
Ajustar o endividamento ao atual nível de atividades é o grande desafio[1].