A FORD E A INOVAÇÃO

PUBLICADO EM ZERO HORA EM 21/01/2021

 

Há mais de cem anos operando no Brasil, o fechamento da produção industrial da Ford no país encerra uma sequência de percalços da Empresa nas últimas décadas.

Por anos apresentou sucessos históricos, como a fabricação do Corcel, produzido a partir de 1968 e que por desatualização e concorrência, depois de 18 anos, foi descontinuado, sem que a montadora tivesse outro produto competitivo para substituí-lo.

No final dos anos 1980, em busca de novos rumos, se juntou à Volkswagem na criação da Autolatina, pois ali já enfrentava problemas de vendas e perda de mercado, com defasagens tecnológicas e de investimentos em suas plantas. O insucesso da Autolatina penalizou ainda mais a Ford, pois resultou em uma Empresa com fábricas defasadas, sem inovações e sem produtos.

Na segunda metade dos anos 1990, adveio o boom de investimentos das montadoras, gerando um ciclo de modernização, com a introdução de tecnologias inovadoras em produtos e processos produtivos e chegaram novos concorrentes. Acreditava-se na ocasião que a produção nacional em cinco anos poderia chegar a quatro ou cinco milhões de veículos e isso atraiu fortes investimentos.  Mesmo duas décadas depois não alcançamos aquelas previsões.

Buscando caminhos, em 1997 a Ford procurou o Estado, que já havia negociado com a General Motors, manifestando o interesse de construir aqui inicialmente uma fábrica de motores e que depois derivou para a de automóveis. Para aquela decisão de investimento pesou, ou a saída do Brasil, pela falta de produtos competitivos e de plantas industriais modernas ou, ficar, mas investir pesadamente.

Naquele momento houve capacidade de inovação de produtos e processos, com a construção de uma fábrica moderna em Camaçari e a introdução no mercado do segmento de SUVs com o sucesso do lançamento da Ecosport. Aquele veículo em 2015 comemorou a marca de um milhões de unidades vendidas.

Agora, justificou o encerramento de suas atividades industriais no Brasil por questões de mercado, Custo Brasil, carga tributária e outros tantos, todos verdadeiros. Por outro lado, evidentemente pesou também a incapacidade da Empresa em inovar em seus produtos, enquanto a concorrência disponibiliza cada vez mais uma gama de opções diversificadas e ricas em detalhes tecnológicos e marketings arrojados. Perdeu capacidade de enfrentar o mercado atual.

Mudou o mercado e a concorrência e a Ford é um interessante caso de empresa tradicional e que atua em um setor competitivo e que não soube inovar. Seu destino serve de exemplo para qualquer empresa.